“A rua não é lugar de ser humano morar, desprovido de dignidade; não podemos nos acomodar e permanecer insensíveis a essa realidade”, declarou o mais recente Cidadão Honorário de Brasília, José Ribamar de Moraes Silva, em solenidade na manhã da última quarta-feira (9) no plenário da Câmara Legislativa. Ribamar é presidente da Casa Santo André, instituição que acolhe há 12 anos, no Gama, pessoas em situação de rua. “Meu apelo é para que não fiquemos nos serviços emergenciais de acolhimento, mas que avancemos e possamos possibilitar, realmente, às pessoas o trabalho e a habitação”, disse.

Natural do Piauí, Ribamar chegou em Brasília em 1979 e, ao agradecer a homenagem, afirmou que o título “sela” sua relação com a capital, cidade da qual se despede para dar continuidade ao trabalho em Parnaíba, onde foi inaugurada uma unidade de acolhimento há três meses, coordenada por Ribamar e mantida por doações e pela Diocese de Parnaíba. Aos 71 anos, ele disse se sentir “fortalecido com a honraria” concedida pelo Legislativo local.

Aos presentes na solenidade, Ribamar narrou que a Casa Santo André teve início numa pequena loja no subsolo de um prédio, em espaço cedido por um colaborador no Gama. “Começou assim, sem planejamento nem estratégia, como acontece com as coisas de Deus”, contou. Hoje, a instituição acolhe, em cinco unidades, 220 pessoas em situação de rua e desabrigo por abandono, migração e ausência de residência ou ainda pessoas em trânsito e sem condições de autossustento.

“Essa homenagem é um agradecimento de Brasília a você, diácono Ribamar”, declarou a autora da iniciativa, deputada Luzia de Paula (PSB). A distrital descreveu o homenageado como “gente que cuida de gente, capaz de abnegar de seu egoísmo para cuidar dos abandonados pela família e pela sociedade”. A parlamentar lamentou o discurso que coloca as instituições sociais no mesmo “balaio de filantrópicas”. “Sabemos que isso não é verdade”, afirmou, ao citar a Casa Santo André que, conforme apontou, desenvolve um trabalho exemplar de acolhimento.

Representando a Secretaria de Desenvolvimento Social na solenidade, Sissi Araújo destacou que “a Casa Santo André é um exemplo a ser seguido” como instituição parceira da Secretaria. Ela lembrou que o serviço público realiza parcerias com diversas instituições por não conseguir atender à demanda por atividades da natureza que a Santo André executa.

A diretora da instituição, Fabiana Gold, agradeceu à Secretaria pelo convênio, mas disse ser um “desafio diário manter os trabalhos independentemente das circunstâncias”. Fabiana, que é filha de Ribamar, lembrou que desde menina via o pai abrigar pessoas na casa da família. “Era comum acordar e ter alguém dormindo na sala, meu pai recolhia na rua e levava para casa; crescemos tendo esse exemplo de vida”, acrescentou.

Por Franci Moraes – Coordenadoria de Comunicação Social CLDF

Fonte: Arquidiocese de Brasília