SANTA MARIA, MÃE DE DEUS – 1º JANEIRO 2017

“Encontraram Maria e José, e o recém-nascido, deitado na manjedoura” (Lc 2,16)

Celebramos a solenidade de Santa  Maria, Mãe de Deus, no término de  um ano que se passa, e no início de um  Ano Novo que chega. É também o dia Mundial da Paz e da Fraternidade universal. A Igreja, no Brasil, proclama o Ano Mariano, para festejarmos com júbilo, 300 anos de Aparição da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, quando Deus renovou o seu propósito, e de novo  nos deu por mãe, a Sua Mãe.

A Palavra proclamada inicia com bênção de Aarão, do livro dos Números. É a bênção de Deus para o povo de Israel, para que Israel seja um povo Santo e bendito.

São Paulo aos Gálatas, apresenta uma síntese do mistério da encarnação, com uma origem, um ato e uma finalidade: “Na plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho nascido de uma mulher, para que por meio dele recebêssemos a filiação divina”.

A festa de hoje está profundamente ligada ao Natal. O evangelista Lucas apresenta a primeira visita ao Menino Jesus: é a visita dos pastores: “Encontraram Maria e José, e o recém-nascido, deitado na manjedoura”.

O Natal e a festa de hoje, que sentido tem. Podem ensinar algo para o mundo, e para nós homens e mulheres modernos, no início 17º ano do terceiro milênio.

Certamente. Deus é surpresa e sempre nos surpreende.

Pastores que partem apressados. Mãe que medita silenciosa. Recém-nascido deitado na manjedoura.

Os Pastores foram às pressas a Belém, encontraram, glorificaram e louvaram a Deus, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. Pastores eram excluídos em Israel; mal vistos por causa de sua profissão. Foi a estes que foi dada a graça de encontrar e testemunhar o nascimento do Salvador.

Mãe que guardava os fatos,  meditava sobre eles no coração silencioso. No texto Maria aparece em primeiro lugar. Ela é a mãe do Menino que vai transformar a face da terra. Uma das verdades de nossa fé cristã, católica, é que Maria é mãe de Deus. Desde 431, o Concílio de Éfeso proclamou “Maria é Mãe de Deus”. Não temos receio de chamá-la de Mãe de Deus e nossa Mãe. São Paulo afirmou  que pelo Filho de Deus, e de Maria, nós recebemos a fiação divina. Não somos mais escravos, somos filhos e herdeiros da salvação que Ele veio trazer.

Maria é Mãe muito próxima de nós. Sintamos a sua proximidade e vamos superar o risco de uma mariolatria, que leva a olhar Maria como uma deusa distante, em imagens estereotipadas; ou de desprezá-la, com indiferença, como mãe de qualquer um. Ela é Mãe que cuidou do Filho Deus, e que cuida de nós.

O recém-nascido deitado na manjedoura. Na manjedoura, o menino recém-nascido é a manifestação de Deus, que se fez pequeno e indefeso; capaz de ser tocado por nossas mãos e acolhido em nossos braços. É a palavra que se faz carne e precisa ser acolhida, precisa de um abraço, de um colo, de uma família. Capaz de maravilhar  e  de dar novo sentido à vida de quem o acolhe. Não existe neste mundo nada que seja maior e mais forte do que o amor de Deus, manifestado na pequenez e na simplicidade daquele recém-nascido. Ele é Jesus, Deus que Salva.

A fraternidade e a Paz, que hoje celebramos, e que todos desejamos, só serão possíveis, se formos capazes de nos deixar surpreender por Deus, como os pastores na  disposição de ir ao encontro de Jesus, e anunciá-lo.  No silêncio  orante e acolhedor de Maria. Na pobreza e na simplicidade do menino, na manjedoura.

Todos nós, desejamos a fraternidade e a paz. Sofremos e trazemos as marcas, e o medo da violência, da exclusão social, econômica e religiosa, da tão falada crise, e da maldita corrupção por causa da ganância, que  desrespeita a nação e o Estado; impondo um sistema perverso que ninguém pediu para existir, mas que se instala, ameaça, maltrata e mata.

O recém-nascido na manjedoura, é o “príncipe da paz”, predito pelo profeta Isaías. Passou fazendo o bem e anunciando Seu reino de Paz e Fraternidade. Suas Palavras encontram eco nas palavras do estadista indiano, Mahatma Gandhi: “No mundo há riqueza suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não para alimentar a ganância de cada um.”

A crise de que tanto se fala tem nome, uma origem,  e um endereço. É preciso dizer, basta!

Que nos inspirem as palavras da Mensagem do Papa Francisco, para este quinquagésimo Dia Mundial da Paz: “desejo deter-me na não-violência como estilo duma política de paz, e peço a Deus que “Sejam a caridade e a não-violência a guiar o modo como nos tratamos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais. Quando sabem resistir à tentação da vingança, as vítimas da violência podem ser os protagonistas mais credíveis de processos não-violentos de construção da paz”, sugere Francisco.

A manjedoura, onde estava o recém-nascido era o local onde os animais se alimentavam. Ela antecipa a doação de Jesus na mesa da Eucaristia, onde seremos alimentos espiritualmente.

É bom começarmos o ano novo celebrando a Eucaristia levantando nossos olhos para Maria, ela nos acompanhará com cuidado e a ternura de mãe, todos os dias. Ela cuidará de nossa fé e de nossa esperança. Não nos esqueçamos dela neste ano Mariano. Feliz Ano Novo!

+ Juarez Sousa da Silva