Ao início do ser cristão, não há uma decisão
ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um
acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um
novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”.
(Bento XVI)

Por que o Ano Regional de Iniciação à Vida Cristã (IVC) e de Animação Vocacional? Porque como Igreja no Brasil, celebraremos, em 2023, o 3º Ano Vocacional; e em nosso Regional Nordeste IV, também vamos celebrar, em 2023, o Ano Regional da Iniciação à Vida Cristã.  

Inicialmente, o projeto foi elaborado para o Ano Regional, contemplando apenas a IVC, contudo, com a proposta do 3º Ano Vocacional do Brasil, discerniu-se e decidiu-se integrar ambas as propostas temáticas da mesma realidade, a evangelização a partir do encontro pessoal com Cristo, pela educação na fé, para transmissão da fé, formando discípulos(as) e renovando a comunidade eclesial a caminho do Reino de Deus.

Jesus Cristo é a Pessoa com quem devemos nos encontrar, pois Ele já nos encontrou pelo mistério de sua encarnação e redenção. Com o tema: Iniciação à Vida Cristã: caminho para o encontro com Cristo, e com o lema: Corações ardentes, pés a caminho (cf. Lc 24,32-33). A partir de Cristo devemos recomeçar, como  alertou São João Paulo II, no início deste milênio (NMI 28-29). A origem, o centro e a meta de toda a vocação e missão é a pessoa de Jesus Cristo.

O sínodo convocado pelo Papa Francisco para 2023, com o tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, nos proporcionou o exercício da escuta: “Escutar a voz de Deus até escutar com Ele o clamor do povo, e escutar ao povo até respirar nele a vontade à qual Deus nos chama”. O clamor do povo já sinalizou quão plural e diversos somos, daí o desafio de seguir caminhando juntos.

Desafiados pelas mudanças e contradições na sociedade e na Igreja, hoje, somos interpelados pelo Divino Espírito a encarar os desafios com coragem, criatividade e, sobretudo, com a decisão de conversão pastoral. A Igreja Católica de agora em diante será composta por cristãos convictos. Se serão muitos ou poucos vai depender de nossa capacidade de reformá-la. Por reforma na Igreja, entendemos, voltar a beber das mais genuínas fontes da fé cristã: a experiência pascal e testemunhal de Cristo, e das primeiras comunidades.

Temos uma responsabilidade pastoral que urge. Depende de nossa capacidade e disposição para abraçar, agora, a catequese de orientação catecumenal a serviço da iniciação à vida cristã. Depende de nossa disposição para escutar a Palavra e os apelos da Igreja, voz da Palavra, que é Cristo Jesus. A Conferência de Aparecida já nos alertou, “ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para segui-lo, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora” (DAp 287).

Há mais de cinquenta anos do RICA (Rito de Iniciação à Vida Cristã de Adultos) (1972), há dezesseis anos de aprovação do Diretório Nacional de Catequese, que optou pela catequese de inspiração catecumenal, há quatorze anos de aprovação do esquema fundamental sobre o processo de inspiração catecumenal, nos estudos da CNBB-97 (2009), elevados à categoria de documento, em 2017. Portanto não estamos começando do zero. Em muitas de nossas paróquias e comunidades, numeram-se belas e frutuosas experiências de catequese de inspiração catecumenal a serviço da IVC. Outras estão começando. Outras, ainda estão no “sempre se fez assim”. Não dá mais!

É urgente o fortalecimento das Comunidades Eclesiais Missionárias, e nelas desenvolver um processo catecumenal. É bem verdade que nem todos nós, agentes de pastoral, sabemos ou conhecemos do ponto de vista didático. Não é preciso saber tudo. É preciso confiar, primeiramente no Espírito, e nas pessoas que sabem ou se dispõem a aprender. Hoje, a opção religiosa é uma escolha. Já não é mais por tradição herdada do núcleo familiar. Hoje se evangeliza “por atração”.

Sigamos juntos, com Maria, o caminho que Deus quer para Igreja, hoje!

Para que todos tenham vida.

+ Juarez Sousa da Silva – Bispo de Parnaíba