Neste mês que se inicia, a Igreja Católica convida à reflexão sobre a missão. Trata-se de um tema vasto e essencial, que fala da natureza da Igreja. Os documentos da Igreja são contundentes ao dizer que a Igreja nasceu para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo. Esta é a sua missão fundamental. Por isso, a sua natureza é missionária.
Tais afirmações comprometem os seus membros, que, pelo batismo, são chamados a assumir a missão da Igreja, que é continuidade da missão de Jesus. Esta missão se vive com gestos e palavras, para a vida do mundo. Em outras palavras, quando o cristão assume a sua fé, sem medo e com ousadia, torna-se discípulo missionário de Jesus. Portanto, o cristão é chamado a ser missão.

A regra da missão é o próprio Jesus Cristo. Ele é o modelo, o sentido e a força da missão. Missionário humilde e despojado, obediente à vontade do Pai, Jesus ensina a ser missão. Enviado pelo Pai para inaugurar o Reino de Deus, em plena sintonia com a missão dos profetas, Jesus fala do lugar da missão: onde vivem os últimos e esquecidos de todos os tempos. 

Por isso, a missão não acontece no centro, mas a partir das periferias. E o motivo é simples: no centro estão os poderosos e seus amigos; enquanto que na periferia estão os pobres, os que sofrem as consequências das ambições e dos projetos dos que se dedicam à exploração dos fracos. Teologicamente falando, o lugar da Igreja é a Galileia, onde vivem os pobres do Senhor.

 São estes pobres a maioria da Igreja, que a mantém com sua generosidade. São os que tem fé, porque não tem mais a quem recorrer; são os que conseguem compreender e aceitar o Evangelho. Muitas vezes, também são vítimas dos mercenários infiltrados em nossas Igrejas, os que tiram o pão da boca dos pequeninos. Triste e vergonhoso pecado, praticado aos olhos de Deus, que tudo conhece.
Outubro se inicia com Santa Teresinha do Menino Jesus, a bela jovem missionária do Carmelo; santa que soube amar Jesus, a regra da missão. Santa Teresinha desejo e se tornou amor e missão no seio da Igreja. Suas palavras e gestos revelam o amor de Deus, que liberta e salva. Com sua vida revelou o ideal missionário a ser buscado pelo discípulo missionário de Jesus. 

“Missão é partir”, ensinava Dom Helder Câmara. Sem saída de si mesmo na direção dos outros não existe missão. O egoísmo é incompatível com a missão. Não existe missionário egoísta. O missionário é generoso, disponível, alegre e aberto aos outros; pessoa de fé e de esperança, capaz de gestos de amor. Está sempre a caminho, com Jesus na contramão do mundo. 

O Espírito Santo, protagonista da missão, que faz recordar tudo o que Jesus fez e ensinou, liberta do egoísmo e da falta de amor. O missionário não é alguém que confia nas próprias forças, nem vive a missão a partir de esquemas pré-estabelecidos, mas confiando na Providência divina procura, em tudo, fazer a vontade de Deus e, assim, proclama o Evangelho ao mundo. Que este mesmo Espírito nos mantenha firmes, decididos e fiéis na missão!


Diác. Tiago de França